Arquidiocese de Luanda
IIª Parte
2. A nossa missão de evangelizadores vem, em primeiro
lugar, do nosso baptismo. Pelo baptismo tornamo-nos filhos de Deus, membros da
Igreja, herdeiros da vida eterna. Como diz o Catecismo da Igreja Católica: “O
santo Baptismo é o fundamento de toda a vida cristã. Pelo Baptismo somos
libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de
Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão”
(CIC 1213). E acrescenta uma citação de São Gregório Nazianzeno: «O Baptismo é
o mais belo e magnífico dos dons de Deus [...] Chamamos-lhe dom, graça, unção,
iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e tudo o
que há de mais precioso. Dom,porque é conferido àqueles que não
trazem nada: graça, porque é dado mesmo aos culpados: baptismo, porque
o pecado é sepultado nas águas; unção, porque é sagrado e
régio (como aqueles que são ungidos); iluminação, porque é luz
irradiante;veste, porque cobre a nossa vergonha; banho, porque
lava;selo, porque nos guarda e é sinal do senhorio de Deus» (CIC
1216).
Baptizados em Cristo: a nossa primeira vocação é sermos
santos, é viver em Cristo. O objectivo da nossa existência como cristãos é um
dia podermos dizer: já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. (Gal
2,20) Diz-nos São Paulo, na Carta aos Romanos: “Pelo
Baptismo fomos, pois, sepultados com Cristo na morte, para que, tal como Cristo
foi ressuscitado de entre os mortos para a glória do Pai, também nós caminhemos
numa vida nova. De facto, se estamos integrados nele por uma
morte idêntica à sua, também o estaremos pela sua ressurreição.”
(Rm 6, 4-5).
3. Devemos olhar para a primeira comunidade de Jerusalém
e ver aí as consequências do baptismo, da fé em Cristo Jesus ressuscitado.
Baptizados em Cristo, aqueles cristãos assumiram uma vida nova. “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção
do pão e às orações. Todos os crentes viviam
unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros
bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada
um. (Act 2, 42-45) “A multidão dos que haviam abraçado a fé
tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia,
mas entre eles tudo era comum. Com grande poder, os
Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e uma grande graça
operava em todos eles. Entre eles não havia ninguém
necessitado.” (Act 4, 32-34)

2. Chamados
a anunciar Cristo
4. Na sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões deste
ano de 2013, o Santo Padre Francisco afirmava: “A fé é dom precioso de Deus,
que abre a nossa mente para que O possamos conhecer e amar. Ele quer se
relacionar conosco para nos fazer participantes da sua própria vida e tornar a
nossa vida mais plena de significado, melhor e mais bela. Deus nos ama! E é um
dom que não podemos manter somente para nós mesmos, mas deve ser compartilhado.
Se quisermos mantê-lo para nós mesmos, tornar-nos-emos cristãos isolados,
estéreis e doentes. O anúncio do Evangelho faz parte do ser discípulos de
Cristo e é um compromisso constante que anima toda a vida da Igreja. A solidez
da nossa fé, a nível pessoal e comunitário, mede‑se também pela nossa
capacidade de comunicá-la a outros, de difundi-la, de vivê-la na caridade, de
testemunhá-la a quem encontramos e partilha conosco o caminho da vida.”
A Igreja existe para evangelizar: "Nós queremos
confirmar, uma vez mais ainda, que a tarefa de evangelizar todos os homens
constitui a missão essencial da Igreja; tarefa e missão, que as amplas e
profundas mudanças da sociedade actual tornam ainda mais urgentes. Evangelizar
constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda
identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o
canal do dom da graça (EN, nº 14). Seria bom voltar a ler e meditar, de
novo, a exortação apostólica Evangelii Nuntiandi do
Papa Paulo VI.
5. Como nos recordou também o Santo Padre, Papa Emérito
Bento XVI, no discurso aos bispos de Angola e São Tomé por ocasião da visita “ad
limina Apostolorum”, no dia 3 de Novembro de 2011: “Vós, amados Irmãos, em
virtude da missão apostólica recebida, estais habilitados para introduzir o
vosso povo no coração do mistério da fé, encontrando a Pessoa viva de Jesus
Cristo. Enquanto Igreja … , o nosso primeiro e mais específico
contributo para o povo africano é a proclamação do Evangelho de Jesus Cristo,
uma vez que o anúncio de Cristo é o primeiro e principal factor de desenvolvimento.
De facto, a dedicação ao serviço do desenvolvimento procede da transformação do
coração, e a transformação do coração só pode vir da conversão ao Evangelho»
(Mensagem final, 15). Este não oferece «uma palavra anestesiante, mas
desinstaladora, que chama à conversão, que toma acessível o encontro com
Cristo, através do qual floresce uma humanidade nova» (Exort. Verbum Domini,
93).
“O anúncio, de facto, não adquire toda a sua
dimensão, senão quando ele for ouvido, acolhido, assimilado e quando ele tiver
feito brotar naquele que assim o tenha recebido uma adesão do coração. Sim,
adesão às verdades que o Senhor, por misericórdia, revelou. Mais ainda, adesão
ao programa de vida, vida doravante transformada, que ele propõe; adesão, numa
palavra, ao Reino, o que é dizer, ao "mundo novo", ao novo estado de
coisas, à nova maneira de ser, de viver, de estar junto com os outros, que o
Evangelho inaugura. Uma tal adesão, que não pode permanecer abstrata e
desencarnada, manifesta-se concretamente por uma entrada visível numa
comunidade de fiéis (EN 23).
A tarefa missionária é de todos os cristãos, mas ainda
assim a presença e o ministério do presbítero são únicos, necessários e
insubstituíveis (cfr. CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, O presbítero,
pastor e guia da comunidade paroquial, nº 2).
Evangelizar é, pois, dever de todo o cristão, mas de um
modo particular de nós, bispos, padres, religiosos e religiosas, consagrados e
consagradas.
E o que é evangelizar?

Evangelizar, então, é anunciar e testemunhar o Nome de
Jesus como único Salvador dos homens. Não é um discurso genérico sobre a
religião, sobre Deus criador, legislador e juiz; é anunciar o dom de Deus, que
é o seu próprio Filho, que por nós se encarnou, ensinou a verdade e o caminho
do Reino de Deus, morreu pelos nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia
para abrir-nos o caminho da vida eterna (cf 1 Cor, 15, 3-5). Evangelizar é anunciar Cristo ao mundo.
Continua na próxima mensagem...
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